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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Histórias do nosso rio

Como estamos a trabalhar o Projeto Mil Escolas, convidamos a avó da Benedita para vir à escola falar-nos do rio Sousa e das suas histórias e ela ontem fez-nos uma visita.
A Sra Maria contou-nos como iam lavar a roupa: usavam uns caixotes debaixo dos joelhos e esfregavam a roupa numas pedras colocadas na beira da água.  Quando a roupa tinha nódoas, punham-na a "corar" nas ervas do lameiro, regando-a de vez em quando para não secar. Às vezes punham a roupa a secar em arbustos da beira do rio. As viagens de ida e volta ao rio eram feitas com a roupa à cabeça, usando uma "rodilha" para equilibrar a bacia. Só iam lavar a roupa no verão porque no inverno a água estava muito suja, como ela disse, não por estar poluída mas porque as chuvas deitavam muita terra no rio. A Sra Maria disse que o rio naquela altura era muito limpo.
Contou-nos que naquele tempo pescavam no rio bogas e enguias que serviam depois para comerem.
Falou-nos também das idas ao moinho para levar o milho e trazer a farinha que dava para fazer broa que era guardada uma semana nas "masseiras". A Sra Maria disse que o pão de trigo era um luxo e que só o comiam nas festas.
Contou-nos ainda que foi muitas vezes ao rio buscar areia para fazer obras em casa. Naquele tempo isso era o normal.
Perguntamos-lhe se ela aprendeu a nadar no rio e ela disse que sim. Disse que usavam uma roupa velha e que se mudavam no moinho de Areias. 
Mas a parte mais importante desta conversa foi a apresentação da história do linho. Toda a vida ela cultivou e trabalhou o linho e em 2005 começou um trabalho de registo com fotografias de todas as suas fases, desde a plantação à tecelagem. Vimos um álbum com fotografias das atividades, acompanhadas de quadras feitas por ela. Aparecem muitas fotografias em que as mulheres lavavam o linho no rio, metidas na água até aos joelhos. 

A Sra Maria disse que tinha muita pena que todos os nossos moinhos estivessem abandonados, a cair! Era bom se nós pudéssemos convencer alguém a reconstruir um!...
Gostamos muito desta visita pois ficamos a conhecer melhor a história do nosso rio através de alguém que, na nossa idade, todos os dias tinha contacto com ele por alguma razão. 

Hoje a professora mostrou-nos um filme de que ela falou ontem, dizendo que íamos perceber bem como era o trabalho de lavar no rio. Vimos o início e aprendemos e cantamos várias vezes a canção!
Fica aqui a letra da canção e o link para o filme...

Filme: Aldeia da roupa branca


Aldeia da roupa branca
Ai rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Roupa no monte a corar
Vê lá bem tão branca e leve
Dá ideia a quem olhar
Vê lá bem que caiu neve

Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Ver a aldeia, traz à ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.(bis 2x)

Ai rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Olha ali um enxoval,
Vê lá bem, nas urzes brancas
Parece um monte, um pombal
Vê lá bem, de pombas brancas

Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traga a ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.(bis 2x)

Ai rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Um lençol de pano cru,
Vê lá bem tão lavadinho,
Dormimos nele, eu e tu,
Vê lá bem, ficou de linho.

Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Ver a aldeia, traz à ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.(bis 2x)


1 comentário:

  1. Valeu a pena, meninos!
    Aprenderam bastante sobre o linho, o rio, as quadras da Sra. Maria e muito mais! Estou realmente contente com o vosso empenho!

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